Notem como nossso turismo no Pará se encontra… lastimável
quarta-feira, 24/03/10 – 13h43
Em 1948 o português Joaquim Marques dos Reis começou a escrever esporadicamente os artigos “Terras de Portugal”. Seus relatos de Portugal, despertaram grande curiosidade nos leitores. Após cinco anos no jornalismo foi incentivado pelos leitores, amigos e conhecidos a estabelecer um intercâmbio cultural e turístico entre Brasil e Portugal. Em 22 de agosto de 1962 Marques dos Reis fundou a Lusotur – Viagens e Turismo Ltda, hoje a mais antiga agência de viagens de Belém. Com a Lusotur instalada, Marques dos Reis estendeu suas viagens para outros países: Estados Unidos, México, Canadá, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e muitos outros. Em 1966, por sua insistência, a TAP – Trasportes Aéreos de Portugal, montou um escritório em Belém. Em 1 de outubro de 1973, abriu o “Equatorial Pálace Hotel”, um prédio de 14 pavimentos com 109 apartamentos, restaurante, bar, boite, piscina, salões para eventos, que logo na semana seguinte recebia o primeiro grupo de 27 turistas portugueses que estavam vindo pela primeira vez ao Brasil, em vôo direto de Lisboa a Belém. Ficaram deslumbrados com o “Círio de Nazaré”, a Ilha do Marajó e com a praia do Mosqueiro. Era definitivamente a consolidação de uma nova atividade econômica, ferramenta de geração de emprego e renda para os paraenses.
Estes relatos são apenas um lembrete de um sonho iniciado aqui no Pará há mais de meio século. O sonho de tornar a Amazônia, e neste contexto o Pará, uma referência para o turismo mundial. Uma semente plantada em solo fértil, com esmero e expectativas de um futuro promissor. De lá pra cá muitas coisas aconteceram: O Pará caiu no gosto dos turistas europeus, americanos e até asiáticos. Foi apontado pelo guia americano Fromer´s como um dos 10 destinos do mundo a despontar até 2010. Belém ganhou o título de Metrópole da Amazônia, novos equipamentos e espaços turísticos.
Mas, o sonho aos poucos vem se desfazendo em meio ao descaso do poder público com esta atividade que garante o sustento de milhares de famílias. De repente, as obras cessaram, a manutenção dos equipamentos foi deixada para segundo plano e nem se houve falar em novos investimentos. As companhias aéreas aos poucos se retiraram de Belém, o turismo voltou a receber conceitos ultrapassados de “potencial”, as políticas públicas de investimento no setor são “planejadas” mas nunca executadas de fato. Os 144 municípios do Pará foram relegados quando o assunto é opção de linhas aéreas. Turismo interno nem se fala mais no assunto. E, como se não bastasse, não há diálogo algum por parte do Estado com o setor empresarial e as entidades de classe. Não há investimentos em formação de mão de obra, em capacitação de receptivo ou do próprio corpo técnico dos profissionais do governo que atuam na área.
Nesse cenário de abandono completo do turismo, considerado em outros estados e países como a indústria sem chaminés, que mais tem crescido e gerado emprego e renda, encontramos um órgão oficial (Companhia Paraense de Turismo – PARATUR), que deveria ser o elo de ligação entre os setores, simplesmente relegada ao acaso, transformada em moeda de troca política pela atual Governadora Ana Júlia Carepa. Na última eleição foi dada como presente ao PMDB. Mas um presente no estilo Cavalo de Tróia, sem orçamento, sem constar na lista de prioridades do Governo. O resultado foi a desistência do cargo, em novembro do ano passado, da presidente do órgão, Ann Pontes, sufocada pela falta de orçamento. Por quatro meses a técnica Conceição Silva da Silva, então diretora de fomento da Paratur, vinha ocupando o cargo, até esta semana quando foi repassado a um membro do PSC, partido aliado do governo mas que até então não ocupou nenhum cargo. Sem conhecimento algum da área, Luiz Antônio da Silva Souto, mais conhecido como Lula, foi indicado pelo presidente da legenda, deputado federal Zequinha Marinho, e fará parte da aliança política do PT com o PSC, visando às eleições de outubro.
Alheios à questão “politiqueira”, embora consciente da importância da questão política, desde que seja saudável e coerente com aqueles que dela dependem, enquanto representantes dos diversos segmentos do turismo paraense, e em nome das milhares de famílias beneficiadas diretamente e indiretamente com esta atividade econômica, nos manifestamos publicamente no sentido de chamar a atenção da sociedade e da governadora Ana Júlia Carepa, para que seja sensível com esta questão. Para que não feche os olhos ao fato de que a rede hoteleira pode chegar a uma taxa de ocupação de 11% até 2011 se algo não for feito para promover o turismo paraense nos grandes mercados emissivos. À dura realidade de que o Pará está desabastecido de vôos adequados à demanda turística. E, o mais grave, não há iniciativas de promoção do turismo paraense, sem falar que estamos na iminência da não realização da FITA – Feira Internacional de Turismo da Amazônia, com a qualidade que deve ter, pela descontinuidade das políticas públicas de investimento e planejamento turístico.
Nosso manifesto não é contra este ou aquele partido, é um manifesto de apoio ao PT – PARTIDO DO TURISMO.
Assinam a nota: ABAV-PA, ABIH-PA, ABRASEL-PA, ABRAJET-PA, SINDETUR-PA, BELÉM CVB, SHBRS, SINGTUR-PA, ABBTUR.
FONTE: http://www.acordapara.com.br/artigos/artigos_2010/marco/Um%20Manifesto%20pelo%20Turismo.htm